As lembranças de teatros vazios com certeza não farão parte das memórias dos adolescentes que, hoje, formam filas para assistir um espetáculo.
É inegável que mudaram muito os nossos equipamentos culturais. Não só temos tido, com freqüência, apresentações da maior qualidade, como melhoraram também as instalações e o trabalho de divulgação A maioria dos espetáculos conta, hoje, com um serviço educativo e assistir uma peça já faz parte da agenda de muitas escolas.
Porém, as filas de estudantes parados na porta dos anfi-teatros não significam que resolvemos um problema, mas sim, que agora temos um problema que merece nossa atenção.
Não basta levar os alunos a um espetáculo quando os meios de comunicação dizem que este é importante. É preciso, antes, que este tipo de atividade já faça parte do repertório do professor. Que ele, como o velho camponês, já tenha se visto refletido num sorriso e saiba, portanto, o valor da assimilação de uma obra, sendo capaz de se emocionar com um drama ou sorrir com uma comédia. Também é muito importante que tenha informações sobre História da Arte. É imprescindível que compreendamos que a arte pode nos levar para espaços dentro de nós mesmos a que não teríamos acesso de outra maneira.
Rilke descreve com precisão esta experiência, referindo-se ao poder da música: "Eu, que já em criança desconfiara tanto da música (não porque me arrebatasse de mim mais do que qualquer outra coisa, mas porque eu notara que não me depositava no mesmo lugar em que me apanhara, mas mais no fundo, em algum lugar bem dentro do inacabado)…".
Partilhar com os alunos cenas que nos levam a lugares inesquecíveis pode enriquecer sua visão do mundo, mas sobretudo, pode ensinar-lhes muito sobre eles mesmos.
Um mediador atento e sensível, capaz de guiá-los neste aprendizado.
Que olha com a mesma atenção sensível para a arte cênica e para o grupo de alunos que acompanha, observando suas perguntas, sendo capaz de acolher suas descobertas. Pode influenciar muito a percepção e servir de incentivo.
Quando isto não é possível, corremos um grande risco: dos espetáculos por mais didáticos que sejam se constituirem em uma atividade estéril, sem sentido. Podem confundir, mais do que esclarecer.
Portanto; a educação, o incentivo e o conhecimento sobre a arte deve ser, muito e carinhosamente trabalhada nas escolas e pelos professores..
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